A Viagem

Título Original: Cloud Atlas
País: EUA/Alemanhã/Honk Kong/ Singapura
Direção e Roteiro: Tom Tykwer, Lana e Andy Wachowski
Elenco: Tom Hanks, Helle Berry, Jim Broadbent, Hugo Weaving, Jim Sturgess, Doona Bae e Ben Whishaw.
Estréia no Brasil: Janeiro de 2013




E se te dissessem que sua vida, ou pelo menos algum ponto dela, seja crucial para a vida de alguém que futuramente existirá? Tudo bem, isso não nada original, mas o livro (David Mitchell) a partir do qual a A Viagem é produzido faz uso desta filosofia dando um desfecho espiritual (de reencarnação mesmo) ao raciocínio. Tudo caminha bem, mas em algum momento dá-se conta de que o filme (ou o livro) não consegue impactar nos espectadores.

O roteiro adaptado pelos também diretores Lana e Andy Wachowski (Trilogia Matrix) e o alemão Tom Tykwer (Perfume e Paris, Te Amo), desenvolve nada menos do que seis histórias simultaneamente. Cada uma delas ocorrendo na Terra em épocas diferentes que vai desde as colonizações do século XIX até um mundo pós apocalíptico divididos entre habitantes primitivos e alguns poucos que ainda detêm o conhecimento da tecnologia extremamente avançada. Em cada uma dessas histórias, o protagonista deixa um legado para as gerações futuras, seja em forma de diário, composições, cartas, filmes ou livros que interferirá consideravelmente a vida de um indivíduo no futuro.

Não li a obra literária, mas pesquisando descobri que o mesmo inicia contando as histórias separadamente sem terminá-las antes de pular à seguinte. Ao chegar na sexta história, essa sim é contada do início ao fim. A partir daí o autor retorna finalizando cada uma das histórias até terminar o livro no época em que começamos. Isso me deu a impressão de que um grande ponto positivo, se não o maior de todos, da adaptação cinematográfica seja a opção de contar essa histórias ao mesmo tempo. Tenho a impressão de que dessa forma é mais condizente com a proposta do cinema como arte.

Outro ponto que me agradou (mas este nem tanto) foi a decisão de interpretar a ideia de reencarnação de Mitchell fazendo uso dos mesmo atores em cada uma das histórias. No livro, cada "protagonista" é a reencarnação de seu equivalente passado, caracterizado por uma marca de nascença em forma de um cometa. A marca ficou, junto com as feições das personagens. Isso acarretou em um satisfatório trabalho de maquiagem e uma boa atuação de Hanks, Berry e cia, que souberam diferenciar seus trabalhos em cada época particular.

Há alguns pontos na história (e isso inclui a fonte original) que não me agrada, mas isto é uma opinião pessoal. Primeiro é o fato de que, dado a idade avançada de Timothy Cavendish (Broadbent) em 2012, certamente ele é contemporâneo à jornalista Rey (Berry). Como pode, em qualquer crença, um espírito estar encarnado em dois corpos ao mesmo tempo? Que seja. De uma forma exagerada, passa-se a ideia de que você influencia a vida de alguém (ou de sua reencarnação) se escrever um livro, fazer um filme ou coisas desse tipo. Onde eu quero chegar é que pode-se influenciar as decisões na vida de um alguém qualquer com motivos muito mais singelos. Vemos isso no nosso dia a dia, temos livros e filmes que moldam nossos pensamentos, mas também temos frases e atos de amigos que carregamos em cada escolha tomada. Assim, do meu ponto de vista, toda a parafernália de reencarnação foi um esforço que fez a história das histórias soar um pouco que banal.

Ainda sim, A Viagem é uma boa ficção científica agradando pelo entretenimento bem realizado, já que suas quase 3 horas de filme soam somente um pouquinho cansativa (O Hobbit foi muito mais entediante). E não se menospreza filmes bem feitos hoje em dia.

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