Trapaça

Título Original: American Hustle
País: EUA
Direção: David O. Russel
Roteiro: David O. Russel e Eric Warren Singer
Elenco Principal: Christian Bale, Amy Adams, Bradley Cooper, Jennifer Lawrence e Jeremy Renner.
Estreia no Brasil: Fevereiro de 2014


O longa investe em uma ficção inspirada na operação Abscam do FBI, que buscou prender mestres do crime do colarinho branco e políticos corruptos no final da década de setenta e início dos anos oitenta, e transforma alguns fatos verídicos em uma engenhosa e ambiciosa trama policial. Mas ao tentar dar ênfase a vários detalhes da história verdadeira (sem querer ser mesmo fiel), o filme se perde em inúmeras cenas que nada acrescentam ao enredo, contribuindo somente para o alongamento da projeção.

A história basicamente gira em torno de Irving Rosenfeld (Bale) e sua amante Sydney Prosser (Adams), quando são presos pelo FBI por vários golpes de fraude e concordam em ajudar os federais à montar um esquema para atrair os grandes estelionatários. No entanto, a indefinição do casamento de Irv faz com que sua amante inicie uma relação com o ambicioso policial Richie DiMaso (Cooper) que, como chefe da operação, eleva-a a níveis que envolvem congressistas e chefes da máfia no país.

O roteiro construído pelo diretor, em parceria com o Singer, fornece uma aparência mais hollywoodiana à trama ao adicionar um triângulo amoroso e a reviravolta no desfecho que consagra um herói na história. A partir de uma cena inicial que situa bem as personagens na trama geral, somos então levados à conhecer nossos protagonistas e sua história de amor, sob uma narrativa em off ora guiada por Irv, ora por Sydney. Até Richie entra nessa, confundindo o ponto de vista para o espectador exatamente como eles enganam suas vítimas na operação.

O diretor explora o período em que situa-se sua história e elabora suas personagens a partir de seus figurinos, estilizando os anos 70 de uma forma particular que se torna uma parte efetiva da trama e abre espaço para o tom cômico que ronda a projeção do início ao fim. Nota-se então a presença de três pilares básicos no enredo; a comédia, a trapaça em si e a história de amor, enquanto a ambição de Russel de investir pesadamente nas três linhas é que acaba sendo seu ponto fraco. No fim, não sabemos bem que história o filme quer nos contar.

Mas o que mais me incomoda em Trapaça, é não conseguir encontrar uma razão plausível para assumir tal liberdade na interpretação do que realmente aconteceu com a operação Abscam e assim contar uma história cujo final, que nada tem a ver com os fatos verídicos, não é motivo algum de beleza ou orgulho.


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