Para Sempre Alice

Título Original: Still Alice
País: EUA
Direção: Richard Glatzer e Wash Westmoreland
Roteiro: Richard Glatzer e Wash Westmoreland
Elenco Principal: Julianne Moore, Alec Baldwin e Kristen Stewart
Estreia no Brasil: Março de 2015




Costumeiramente, os filmes centrados em doenças graves focam sua narrativa na deterioração do paciente e no apelo emocional fundamentado em um roteiro quase que cretinamente construído para transbordar em melancolia, o que, felizmente, não é o caso de Para Sempre Alice. A junção de uma bela atuação de Julianne Moore e um roteiro que busca se fechar no universo local da protagonista consegue amenizar o melodrama e fazer com que a tristeza seja a única coisa em excesso, e muito.

Baseado no livro homônimo de Lisa Genova, o roteiro conta a história de Alice Howland (Moore), uma bem sucedida professora de linguística na universidade de Columbia, com um casamento estável e três filhos crescidos, mas que desenvolve precocemente um tipo raro de Alzheimer. Acompanhamos então a maneira como Alice  começa ver o mundo a sua volta se tornar um estranho para ela.

A escolha dos roteiristas de se dedicarem quase que exclusivamente à Alice é bem sucedida por nos fornecer a perspectiva da protagonista, uma mulher extremamente racional e consciente de sua situação. As cenas basicamente se focam nela e nos hábitos adquiridos para lidar com o agressivo avanço de sua doença, e são amplamente favorecidas pelo belo trabalho artístico de Moore, que lhe rendeu a estatueta de melhor atriz.

O longa trás também uma interessante perspectiva social ao representar sua protagonista como a pessoa independente que é natural da geração adulta atual (seja homem ou mulher). Alice mostra isso a partir de suas próprias iniciativas para lidar com o problema, uma atitude de quem cresceu buscando seus objetivos e, com a experiência adquirida, sabe o que tem de fazer. Ela não será um fardo para seus familiares enquanto puder evitar isso. Esse aspecto difere sua história de muitas outras já contadas no cinema.

Nota-se então que as personagens coadjuvantes acabam ficando muito mais distantes que o normal, sendo uma pena que Kristen Stewart, interpretando a filha mais nova Lydia, seja aquela cuja a relação com Alice é mais valiosa para o espectador. Moore conduz sua Alice com a força de suas expressões, capazes de demonstrar somente com suas feições a passagem do tempo e a piora de seu quadro à medida que passa a encarar cada vez mais o vazio crescente à sua volta. Já Stewart mostra uma expressão única durante todo a projeção. Chega a ser estranho, para não dizer cômico, quando vemos Lydia atuando em uma peça teatral e se mostrando exatamente a mesma pessoa que é fora dos palcos. Há algumas semanas vi a mesma Stewart muito bem em outro papel secundário, ao lado de Juliette Binoche, em Acima das Nuvens, de modo que aqui sua atuação representa um desmotivante regresso.

Mostrando muito bem as inúmeras dificuldades daqueles que possuem o mal de Alzheimer, atentando-se à detalhes e ao ponto de vista de quem sofre com a doença, Para Sempre Alice possui uma didática que nos chama atenção para este tema drástico o qual é impossível de se desconectar de sua fiel companheira, a tristeza.


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