A Pele Que Habito

 
Avaliação*:


Sob uma excelente direção e, mesmo que intrigante e avesso ao que é de comum aceitação, essa ficção de Almodóvar tem uma excelente trama que te deixará de queixo caído, inquietando nossos pensamentos com a exposição de profundas questões sobre até quando um corpo define a personalidade de um ser.

Vera (Elena Anaya) é uma paciente particular do Dr. Robert Ledgard (Antonio Banderas) que a mantém trancada em sua casa como uma cobaia para sua pesquisa, clandestina, por uma pele artificial, resistente a queimaduras picadas de insetos entre outros benefícios, que seria útil em pacientes com certas deformidades naturais ou causadas por algum tipo de acidentes.
 
Porém, não é possível descrever o verdadeiro ritmo do filme sem revelar pontos cruciais, mas a verdade é que a trama, seguindo o roteiro escrito por Pedro Almodóvar e seu irmão Agustin, (baseado no livro Tarântula, de Thierry Jonquet), mostra-se misteriosa logo de início, com a indefinição sobre os personagens principais e suas relações pessoais significantes. Mas a questão central já aparece nos primeiros planos, quando Ledgard faz uma apresentação sobre transplantes faciais em pacientes com deformações devido a exposições ao fogo, estes se julgam próprios monstros o que mostra, de forma clara, a impossibilidade de se identificar com a pele que habita, literalmente.

E assim o longa segue apresentando os personagens centrais sob detalhes que farão todo o sentido no final (como as esculturas em retalhos de panos de Vera) à medida que o suspense psicológico cresce suavemente. Então, quando nos vemos intimamente (mas não seguramente) ligados a Robert e Vera, Almodóvar parte para o sensacional flashback que revelando o passado inquietante das personagens, culmina no clímax do enredo, sobre os olhos de Vera em um dos cortes mais belos e emocionante do cinema. E, como se uma imensa porta para um novo mundo se abrisse em nossa frente, a questão central volta à nossa mente trazendo a tão falada aversão, além de nos mostrar que até mesmo um assassino pervertido, capaz de matar a própria mãe, nem sempre pode ser considerado menos psicótico que um médico sedento por sucesso, pessoal ou profissional. E como Vera, que encontra dificuldades para conciliar quem era, quem é, e o que ela vê no espelho, nos encontramos em total confusão para julgar a trama que, por mais simples que seja, é emocionalmente complexa (você consegue sequer imaginar-se no lugar de Vera?).

A Pele que Habito - IMDB: http://www.imdb.com/title/tt1189073/
Espanha – 2011
Direção: Pedro Almodóvar
Elenco: Antonio Banderas, Elena Anaya e Jan Cornet

Assista ao trailer legendado aqui

* - A avaliação está entre 1 e 5 estrelas.

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