Tudo Pelo Poder

Título Original: The Ides of March
Estados Unidos - 2011
Direção: George Clooney
Elenco: George Clooney, Ryan Gosling, Phillip Seymor Hoffman e Paul Giamatti.

Embora não traga nada de novo à questão dos jogos eleitorais, esta nova direção de Clooney nos mantém preso à tela enquanto desenvolve toda sua trama política, extremamente inteligente e com o auxílio de um magnífico corpo de atores que dão vida às personagens deste longa. Uma pena que no Brasil, os crimes de traduções de títulos continuem fazendo suas vítimas. O título original, The Ides of March, refere-se a um trecho de Júlio César (Shakespeare) que atenta para como se passará março (sob uma tradução ao pé da letra, os idos de março), mês em que história acontece.

Baseado em uma peça de Beau Willimon, o roteiro de Clooney e seu parceiro Grant Heslov, acompanha a disputa interna do partido democrata norte americano para definir, entre o governador da Philaelphia, Mike Morris (Clooney), e o senador Pullman (Mantell), quem concorrerá à presidência nas próximas eleições para a casa branca. No entanto, nesta tradicional batalha política, os personagens chaves são os chefes de campanha de Morris, Paul Zara (Hoffman) e seu assessor Stephen Meyers (Gosling), e o manager adversário, Tom Duffy (Giamatti).


Um dos pontos admiráveis deste trabalho fica por conta das semelhanças entre Morris e o atual presidente norte americano. Embora este último nunca seja citado, o personagem de Clooney, com seus discursos liberais, sempre passando por tópicos polêmicos (como promessas de torná-se um país independente energeticamente sem precisar invadir qualquer outro território), tolerâncias religiosas, além de não abrir mão de pontos cruciais apenas para agradar eleitores. Tudo isso funciona perfeitamente, sendo uma alusão à Obama, na sua época de candidato claro. E já que qualquer um conhece toda a pilantragem que existe nos bastidores dessa disputa, Clooney usa isso a seu favor, deixando de lado um roteiro simplista e investindo em diálogos inteligentes, nunca subestimando os seus espectadores. Isso só vem a somar nos seu brilhante trabalho como diretor.

Também a seu favor está mais uma atuação perfeita de Ryan Gosling, que vem se destacando com um dos melhores de sua geração, e dos veteranos Phillip Seymor Hoffman e Paul Giamatti. Estes últimos sempre em papéis não muito destacáveis, mas nunca passando despercebidos, tornando-se elementos indispensáveis para que possamos visualizar a trama como um contexto verdadeiramente real (por exemplo a cena entre Hoffman e Gosling e o discurso de lealdade). No quesito técnico, os trabalhos de fotografia e trilha sonora também não passam despercebidos um instante sequer, contribuindo para inserir-nos de forma natural na atmosfera dessa tensa batalha.

Como já foi dito no início, Tudo Pelo Poder não agrega nada de novo à questão das disputas eleitorais mas, acaba se revelando contemporâneo e eficiente ao tratar todo o idealismo (ou a falta dele, ou a impossibilidades de usá-lo) e caráter político ao utilizar-se de Morris e sua referência à Obama. É um longa que surge no mercado justamente numa época difícil para a economia norte americana, quando seu povo começa a enxergar mais claramente a sedução a que foram submetidos e o desapontamento com o seu governante.

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é como ir na casa de uma pessoa e sair sem se despedir.

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