No Impact Man


Título Original: No Impact Man

País/Ano: EUA/2009

Direção: Laura Gabbert e Justin Schein

Documentário

*Nunca lançado no Brasil








É sempre surpreendente quando nos dedicamos a estudar uma certa questão e, como uma espécie de efeito colateral, surgem novas perguntas que nos fazem repensar tudo de novo sob um outro olhar. E é dessa forma que este documentário procede, se redescobrindo a cada nova questão e perspectiva que surge em suas discussões. Mais do que um estudo sobre uma vida mais sustentável para o bem do planeta, No Impact Man é uma reflexão do quão subjetivo nossas vidas se tornaram sem que percebamos. É um exemplo de que pensar na reciclagem do planeta deve começar por uma reciclagem filosófica sob as nossas rotinas.

Colin Beavan, sua esposa, Michelle Conlin, e a adorável filha Isabella entraram em uma incrível experiência de viver, por um ano, como uma família que não causaria impactos ao meio ambiente. Sem comprar coisas novas, comida só orgânica e local, sem transportes motorizados (incluindo elevadores), sem energia elétrica, sem produtos descartáveis e etc.

A ideia soa idiota de certa forma, pois pensamos logo de cara na impossibilidade, nos dias de hoje, de se abdicar de tudo isso mas, como fica claro logo nos primeiros minutos do longa, a ideia é extremizar tudo para que se possa avaliar com clareza o que é dispensável nas nossas vidas. Quem passa horas em frente a TV sem nem mesmo se interessar pelo que vê, nunca terá coragem de simplesmente desligá-la e sair para uma caminhada desfazendo-se assim de seu vício. Esse é o motivo da extremização, não tendo uma TV obrigaria o indivíduo a procurar outros afazeres. Como Michelle desabafa em um determinado instante, quando se dá conta de que as regalias como ar condicionado, geladeira e televisão era o que prendia sua família o tempo todo dentro de casa, sem esses produtos eles acabaram reinventando suas horas livres e descobrindo um  Nova York totalmente diferente.

O consumismo capitalista é traiçoeiro e sem que percebamos nos envolvemos em um estilo de vida que nos priva de inúmeros prazeres. Deixamos que a praticidade nos seduza dia a dia, nos hibernando na rotina sedentária da atualidade e, assim, perde-se em lazer e ganha-se em estresse.

Mesmo que não seja uma obra prima cinematográfica, a beleza deste relato filmado vai além das questões ambientais e de saúde mental da sociedade, ela mostra uma família baseada no diálogo, no apoio e na sinceridade, que não teve medo de se aventurar nessa loucura e acabaram descobrindo uma nova maneira de se viver. Ele mostra de forma crú os efeitos do projeto nas vidas de Colin e sua família e como ele não deixa de encarar profundamente todas as questões que surgem.

No impact man é, acima de tudo, inspirador. E o mais gratificante é ver a pequena Isabelle exclamar, toda alvoroçada, ao ver vaga-lumes em um pequeno jardim no meio de Nova York. Uma mente que cresce a frente de seu tempo.

Trailer


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