O Hobbit: A desolação de Smaug

Título Original: The Hobbit: The desolation of Smaug
País: EUA/Nova Zelândia
Direção: Peter Jackson
Roteiro: Peter Jackson, Philippa Boyens, Fran Walsh e Guillermo Del Toro
Elenco Principal: Martin Freeman, Ian McKellen, Richard Armitage, Evangeline Lilly e Luke Evans
Estreia no Brasil: Dezembro de 2013



Com o segundo capítulo da trilogia predecessora da saga dos Senhor dos Anéis, o diretor Peter Jackson começa a justificar sua escolha de estender a história contida no livro homônimo. Talvez devesse ter escolhido outro nome para a nova saga já que, muito mais do que a aventura de Bilbo e os amigos de Thorin, sua nova experiência com a Terra Média pretende ser um completo prequel para a Gerra do Anel, fazendo uso de outros escritos de Tolkien contidos nos apêndices de O Senhor dos Anéis e no Silmarillion.

Neste novo longa, o roteiro dá continuidade à aventura de Bilbo (Freeman) e os anões liderados por Thorin (Armitage), que tentam chegar até a Montanha Solitária enquanto são perseguidos pelo orc Azog (Bennett). No entanto, o roteiro se divide no momento em que a companhia tem de entrar na Floresta das Trevas, passando a sustentar uma história paralela que mostra Gandalf (McKellen) investigando estranhas forças que emergem na Terra Média, ao passo que os demais seguem arduamente para a esperada batalha contra Smaug.

O resultado geral deste novo trabalho é melhor do que o anterior. Talvez seja pela ligação que este tem com a consagrada trilogia do anel, apresentando acontecimentos que já remetiam ao despertar de Sauron, o antagonista maior naquela ocasião. No entanto, ainda vê-se problemas que tornam certos seguimentos e personagens descartáveis, ao menos aparentemente. Os próprios anões continuam, em sua grande maioria, tendo pesos quase que negligenciáveis ao simplesmente povoarem a tela nas cenas de combates.

Mas Kili (Turner) se junta a Thorin e Balin (Stott) em notoriedade, protagonizando uma sub-história ao simpatizar com a elfa Tauriel (Lilly). Algo que carece de um desfecho explicativo no último capítulo. Diante desta falha, Martin Freeman então assume a frente e, definitivamente, carrega nas costas a carga emocional da aventura. Se Thorin foi a figura marcante na primeira parte, Bilbo assume o lugar que lhe é de direito e é através dele que vemos todo o desenrolar da narrativa. Não há o peso que havia nas cenas com Frodo, Sam e Gollum, talvez seja até por isso que a figura de Bilbo desperte maior simpatia com o público, dando abertura para a atuação que Freeman desenvolve.

Embora possa se aceitar as duas horas e quarenta de projeção (já que seu antecessor exigia de uma certa paciência para terminá-lo), uma análise um pouco mais minuciosa revelará sequências que não muito acrescentam à narrativa. Como é o caso da longa e engenhosa luta contra o dragão, que funcionam como mera ação, já que o resultado final poderia ser alcançado de forma mais simples e, consequentemente, mais breve. Mas há boas sequências; de ação, como na fuga rio abaixo nos barris; suspense, como quando Bilbo lida com as aranhas gigantes; e tensão, observada no tão esperado encontro entre o protagonista e Smaug, o dragão. Aliás, esta bonita sequência reserva um envolvente diálogo. Jackson também merece reconhecimento pela forma menos contida com que ele nos mostra Gandalf e Sauron. Sendo, ambos, típicos personagens dotados de uma grandeza adquirida no passado, e já que este passado é agora, nada mais justo do que vê-los mais ativos e agressivos ao desempenhar seus papeis na história.

A verdade é que este segundo capítulo faz com que a trilogia O Hobbit comece a desenvolver um papel maior na história cinematográfica da Terra Média (o que provavelmente é a intenção de Peter Jackson), lembrando a franquia Star Wars, quando esta lançou uma nova trilogia para contar a história do surgimento de Darth Vader e os acontecimentos que levaram à reclusão dos Jedi.

Aquela mágica sensação de se estar na Terra Média surge pela primeira vez nesta nova trilogia, estabelecendo um novo elo com aquele esplendoroso universo. Com isso, O Hobbit: A Desolação de Smaug evolui, mas será o terceiro e último capítulo que dará a nota final a este trabalho (e claro, o anterior também).


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