O Lobo de Wall Street

Título Original: The wolf of Wall Street
País: EUA
Direção: Martin Scorsese
Roteiro: Terence Winter
Elenco Principal: Leonardo DiCaprio, Jonah Hill e Margot Robbie
Estreia no Brasil: Janeiro de 2014




Difícil julgar um filme quando dois aspectos se contrapõe de maneira tão evidente. De um lado um trabalho cinematográfico excepcional, sendo prejudicado apenas pelas longas durações de muitas cenas, extensão desnecessária para objetivo da narrativa, que resulta em três horas de projeção. Do outro, o tratamento despreocupado e insensível do deboche, falta de ética e caráter dos corretores de ações, em uma crônica machista sobre as "maravilhas" da avareza.

Escrito pelo roteirista de séries da TV norte americana, Terence Winter, o enredo é baseado no livro homônimo escrito pelo próprio Jordan Belfort (vivido por DiCaprio), onde conta todas as suas proezas como milionário correntista do mercado de ações de Wall Street até ser pego pela polícia norte americana. O longa então assume Jordan como o narrador, que esbanja suas cômicas façanhas desde o seu solitário início no ramo até a formação de sua corrupta, extravagante e louca empresa, a Stratton Oakmont.

Dessa forma que O Lobo de Wall Street assume uma postura desvairada, contida no tom da narrativa feita pelo protagonista, que nos relata tudo de uma forma bastante informal e inconsequente, como uma típica conversa de bar, nunca tendo uma análise mais sensível sobre os crimes que cometeu. Pode-se olhar para o filme como uma escancarada exibição do velho sonho americano; ganância, obsessão pelos valores materialistas e, a conduta para alcançar esse sucesso. Como diz Belfort em determinado momento, "Esta é a América".

No entanto, é impossível não culpar Scorsese pelo desfecho incompleto da história. Da multa de cerca de 110 milhões de dólares para ressarcir os seus clientes, Belfort pagou menos que 250 mil até hoje, mesmo já tendo arrecadado quase 2 milhões de dólares com as vendas de seus livros e os direitos autorais deste mesmo longa. Mora em um condomínio extremamente luxuoso na Califórnia, enquanto os policiais que o caçaram e prenderam, continuam a voltar para suas casas de metrô.

Mas ao deixarmos isso um pouco de lado e encararmos o humor negro que Scorsese nos proporciona, vemos um trabalho perfeitamente bem conduzido por DiCaprio como nosso anti-herói, e Hill, que vive seu melhor amigo e sócio, Donnie Azoff (o personagem de Hill se refere a Danny Porush, mas o nome teve de ser modificado após um dos filhos de Danny ameaçar processar os produtores). A dupla age com intensidade e, se DiCaprio se mostra memorável com toda a sua ousadia e liderança, Hill assume a base que cerca seu companheiro, preenchendo praticamente todo o universo restante com o humor e a insegurança de seu complexo personagem.

O consagrado diretor então alimenta sua câmara com todo o entusiasmo da matilha guiada por Belfort, de modo que, se reclamei no início da longa duração do filme, não posso deixar de ser justo e afirmar que embora se torne exaustivo, ele nunca perde seu ritmo eloquente nem nos faz desinteressar pela história.

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