Título Original: O lobo atrás da porta
País: Brasil
Direção: Fernando Coimbra
Roteiro: Fernando Coimbra
Estreia no Brasil: Junho de 2014
Em um primeiro olhar, um thriler tenso e inteligente que marca o cinema nacional. Sob uma segunda avaliação, um profundo estudo de uma sociedade que vive de suas ambições e na inconsequência dos impulsos irracionais de seus amores.
O roteiro de Coimbra apresenta o longa com um típico filme policial sob o pano de fundo de um sequestro. Mas a situação é rapidamente revirada com a revelação do autor do crime já no início da projeção e a partir daí, sob longos flashbacks, a polícia vai confrontando os depoimentos dos envolvidos para entender a natureza do acontecido.
Mais do que a busca pela verdade, o que prende o espectador é maneira pela qual ele nota que as nítidas linhas que julgamos existir separando bem e mal, certo e errado, começam a borrar. A narrativa esmiúça o personagem que muitos podem querer definir como vilão da história, mas na verdade isso acaba nos mostrando feras se tornarem humanas ao passo que cordeiros mostram suas garras. Uma comédia que vira tragédia.
A tarefa fundamental do longa é executada em conjunto pelo trio de atores onde pesa-se mais a atuação de Leandra Leal. Já aclamada em outras produções fílmicas nacionais, agora encara o personagem mais denso e complexo de sua carreira até aqui, e o faz de forma invejável. Dessa maneira, a função de Coimbra como diretor é apenas registrar o desenvolvimento do enredo, mas há um belo trabalho por trás disso. Se por um lado ele é fiel ao cinema como arte e não interfere na evolução dos personagens, por outro ele é meticuloso ao compor cenários que completam as definições desses personagens (o pai de Rosa por exemplo é praticamente um adorno cinematográfico, mas que muito revela sobre natureza familiar dessa garota).
O ponto é que o diretor não teve medo de deixar com que seus personagens e suas histórias se evoluam naturalmente culminando no desfecho que depois entendemos como que inevitável. Mais do que isso, Coimbra abstém-se de estabelecer qualquer julgamento de seus personagens. Apresenta os fatos e, mesmo que se conteste a confiabilidade das informações, deixa para sua plateia a tarefa de digestão.
A tarefa fundamental do longa é executada em conjunto pelo trio de atores onde pesa-se mais a atuação de Leandra Leal. Já aclamada em outras produções fílmicas nacionais, agora encara o personagem mais denso e complexo de sua carreira até aqui, e o faz de forma invejável. Dessa maneira, a função de Coimbra como diretor é apenas registrar o desenvolvimento do enredo, mas há um belo trabalho por trás disso. Se por um lado ele é fiel ao cinema como arte e não interfere na evolução dos personagens, por outro ele é meticuloso ao compor cenários que completam as definições desses personagens (o pai de Rosa por exemplo é praticamente um adorno cinematográfico, mas que muito revela sobre natureza familiar dessa garota).
O ponto é que o diretor não teve medo de deixar com que seus personagens e suas histórias se evoluam naturalmente culminando no desfecho que depois entendemos como que inevitável. Mais do que isso, Coimbra abstém-se de estabelecer qualquer julgamento de seus personagens. Apresenta os fatos e, mesmo que se conteste a confiabilidade das informações, deixa para sua plateia a tarefa de digestão.
O Lobo Atrás da Porta remete ao animal que, de dentro de cada um de nós, espreita o mundo lá fora absorvendo cada pequeno detalhe que alimente seus instintos naturais.
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