God Bless America



Título Original: God Bless America

País/Ano: EUA/2012

Direção: Bobcat Goldthwait

Elenco: Joel Murray e Tara Lynner Bar.

Obs.: Sem previsão de estreia no Brasil, o filme entra em cartaz nos Estados Unidos próximo dia 11 de maio.

        




É inegável, por parte de qualquer indivíduo em plena sanidade, a baixaria na TV que distrai a população hoje em dia. Entre reality shows, telenovelas e programa de audiência, o que se vê basicamente é a ilustração de uma "vida ideal" banhada a regalias milionárias e um humor estúpido baseado na humilhação alheia. Embora muitos alegam ser isso tudo somente um entretenimento divertido para fugir do estresse diário, é justamente ao contrário, já que toda e qualquer conversa entre as pessoas é sobre reality shows, telenovelas e suas "celebridades". Junto a isso está o fato da educação familiar que é cada vez mais negligenciada, ao invés de assumir responsabilidades, pais escolhem os caminhos mais fáceis baseando-se na premissa de que "esses jovens são impossíveis" e acabam por não ensinar conceitos importantes como limites e decência. Esses são os assuntos abordados no novo longa de Bobcat Goldthwait, uma comédia sarcástica e provocativa sobre o estilo de vida americano (mas que, pelo menos no Brasil, também ocorre).

Frank (Joel Murray) é um homem de meia idade, divorciado, que está saturado da falta de respeito da maioria dos cidadãos americanos e do nível de futilidade em que a sociedade se atolou. Quando percebe que sua própria filha não gosta de vê-lo devido à ausência de passatempos eletrônicos em sua casa (sentimento um tanto quanto que alimentado na filha pela ex-esposa), ele é despedido e ainda descobre que possui um tumor maligno de difícil remoção no cérebro Decide então partir em uma missão para liquidar com as pessoas estúpidas do mundo. Acaba ganhando uma aliada, a jovem Roxy (Tara Lynne Bar), de 16 anos, muito a frente de sua geração e muito mais radical que o próprio Frank.

No primeiro momento, a ideia de Goldthwait é genial por expor de forma cruel as futilidades da sociedade atual chamando atenção para a idealização de uma solução rústica digamos. Quem nunca, em seu íntimo mais profundo, não pensou que certos babacas por aí mereciam morrer (eu sei que existe pessoas que nunca pensaram, paciência)? Mas o próprio diretor provoca sua trama em um momento sutil quando Frank afirma que não é totalmente contra as ideias de uma de suas vítimas, sendo a favor de um menor controle às armas, Roxy então indaga: "Mas Frank, assim qualquer babaca vai ter uma arma". Ou seja, por mais rude que seja o mundo a sua volta, as soluções bíblicas soam muito mais justas (poderia ser dito eficientes?) do que a ignorância armada.

Murray encarna de forma convincente um Frank consciente, sério e frio; ele é um assassino, mas que age para os que verdadeiramente merecem morrer. Isso não o coloca como um psicopata, ao contrário de Roxy, que ganha essas atribuições pelo sorriso e olhar que Bar confere a sua personagem. A dupla encanta durante todo o filme. A direção também é de primeira linha desenvolvendo ótimos planos de filmagem para estabelecer concretamente o relacionamento entre os dois anti-heróis. Mas há alguns tropeços quanto às imprecisões das investidas de Frank que, com a tentativa de ilustrar uma ação não profissionalizada do personagem (o que seria condizente) soa muito mais como uma tirada humorística inorgânica.

God Bless America não funciona muito como uma crítica à sociedade em si, nem como uma discussão, mas sem dúvida funciona como um chute na cara, para que seja aberta a discussão sobre onde a tecnologia tem levado a nossa cultura. Ainda sim, podemos prever que inúmeros cidadãos fomentadores inconscientes da futilidade televisiva irão adorar o filme, espalhando comentários e jargões nas redes sociais como hipócritas intragáveis que são. Só espero que pelo menos parem de falar aos celulares nas salas de cinema.

Trailer:


Um comentário:

  1. "Ainda sim, podemos prever que inúmeros cidadãos fomentadores inconscientes da futilidade televisiva irão adorar o filme, espalhando comentários e jargões nas redes sociais como hipócritas intragáveis que são. Só espero que pelo menos parem de falar aos celulares nas salas de cinema."

    Perfeito, meu querido! Perfeito! =)

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