Somos tão jovens

Título Original: Somos tão jovens
País: Brasil
Direção: Antônio Carlos Fontoura
Roteiro: Marcos Bernstein
Elenco Principal: Thiago Mendonça e Laila Zaid
Estreia no Brasil: Maio de 2013




Renato Russo, um dos maiores nomes do rock brasileiro, conquistou multidões de fãs com sua poesia bela, realista, esperançosa e revolucionária. À frente da Legião Urbana marcou a história da música do nosso país ao liderarem uma geração de bandas que trouxeram novos sons para os palcos, merecendo há muito uma representação nas telonas. Aqui, não é a história da banda que é contada, mas sim a juventude que Renato viveu, mostrando a construção do poeta e músico que nos emociona até hoje.

Como disse uma vez o próprio roteirista, o longa é "o prefácio de uma grande história desconhecida do público, em que se define uma personalidade e começa a desabrochar o artista, com suas influências e inspirações". Assim, vemos as influências que agiram sobre Renato (Mendonça) em sua adolescência em Brasília, a música, amizades e o quadro político em que o país estava inserido.

No entanto, a tentativa de registrar a ditadura da época foi frustrada ao limitar-se em curtas abordagens policiais feitas em algumas da várias noitadas das personagens. Dessa forma quando Renato surge discutindo com sua família sobre tema, tudo soa muito inorgânico e este elemento que foi tão presente nas composições daquela geração passa despercebido.

Fontoura não consegue transmitir a noção da passagem do tempo de tal forma que, de início, tudo soa um pouco bagunçado e corriqueiro, sem um lugar no espaço, já que a montagem de boa parte do filme faz com que tudo parece acontecer repentinamente enquanto trechos marcantes de letras do Renato vão sendo forçadamente incluído nas falas de Thiago Mendonça.

Além disso, certos atores agem como se soubessem que há uma plateia à sua frente no qual eles precisam ser claros acerca do que irão dizer perdendo a naturalidade com que deveriam representar a relação de seus personagens com o protagonista. No entanto, ao mesmo tempo que os diálogos tentam concentrar muitas informações como se tivessem saído de um documentário, muito do que acontece às vezes fica pouco claro (como a doença que obriga Renato a passar quase um ano sem praticamente sair de casa).

Mas o andamento melhora muito quando a relação entre Ana (Zaid) e Renato ganha dimensão. As cenas compartilhadas por Mendonça e Zaid imprimem realidade à história e representam todo o sentimentalismo que havia no protagonista. Aninha é uma personagem fictícia que ilustra as diversas amizades femininas que Russo teve e que foi uma feliz escolha do roteiro também pelo bom trabalho feito pela atriz. Thiago também brilha quando está sozinho. Os estudos musicais e de performance resultaram em uma excelente incorporação do poeta, feições, fala e até a voz nas canções tem sua semelhança.

Com clareza então começamos a enxergar o Renato Russo que conhecemos através de suas letras. Não aquele deprimido e sofredor, mas o alegre e talentoso que lutou pelo sonho pois não conseguia conter suas emoções para si mesmo. Somos tão jovens revive aquele espírito esperançoso do nosso eterno poeta.


Um comentário:

  1. É isso, a inserção das letras é muito forçado, assim como outros detalhes do roteiro, mas a relação de Renato e Ana acaba dando rumo à trama. Vale mais pela interpretação de Thiago Mendonça e pela nostalgia de Renato Russo e Legião Urbana.

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