Jovem e Bela

Título Original: Jeune & Jolie
País: França
Direção: François Ozon
Roteiro: François Ozon
Elenco Principal: Marine Vacth, Géraldine Pailhas e Johan Leysen
Estreia no Brasil: Sem data prevista ainda
(Crítica escrita durante o festival do Rio)



Ozon retorna às telonas com o seu mais bem sucedido estilo fílmico, o drama lento e auto conhecedor. Como sempre, fixo nos assuntos sexuais, ele deixa a polêmica de lado para um estudo de personagem mais corporal que conceitual. Foge de um aprofundamento enfeitando seu trabalho com diálogos sarcásticos que arrancam sorrisos por todas as salas, perdendo em intensidade mas permanecendo no grande estilo que é só seu.

O roteiro acompanha a adolescente Isabele (Vacth), de 17 anos, durante um ano inteiro quando decide se prostituir. Divido em quatro partes, referentes às estações do ano, cada uma com uma canção tema de Françoise Hardy, o longa nos conduz lado a lado na jornada que a protagonista faz com a descoberta do sexo e a auto-exploração da sexualidade.

Ozon já havia feito uma repartição semelhante em 5x2. Mas dessa vez, embora a história seja narrada em primeira pessoa, cada estação do ano tem uma interação prioritária que permite que conheçamos melhor Isabele. As diferentes perspectivas de seu irmão Victor (Ravat), os clientes, sua mãe (Pailhas) e seu padrasto nos permite ter distintos pontos de vista.

Já de início somos levados a invadir a privacidade da jovem junto com seu irmão mais novo. Vemos então que a ausência de sentimentos de Isabele não foi empecilho algum para a sua curiosidade em iniciar a vida sexual. Ali na praia, com um conhecido de verão, ela mesmo assiste à perda da virgindade como quem observa uma cobaia durante um experimento. Isabele está explorando seu corpo, descobrindo seus limites.

Mas não é só erotismo e uma jovem problemática. O sexo aqui poderia ser substituído (salvo as devidas proporções e particularidades) por qualquer um dos vários assuntos que afligem os adolescentes. O que o diretor busca passar é uma visão não idealizada da juventude, mas sim como uma fase onde um turbilhão hormonal força o adolescente a explorar seus próprios limites, entendendo melhor o mundo através de um auto-conhecimento, não só mental, mas muito corporal. Assim, há uma certa suavidade nas diversas cenas de sexo explícitos que não permite que elas se exaltem do restante da projeção.

Muito bem escrito e filmado, como de costume, Jovem e Bela é um estudo da sexualidade na juventude como uma ferramenta de puro escape hormonal. Ozon é direto na sua mensagem e usa de sua história para não só conduzir mas também manipular o espectador. Não saímos do cinema com a convicção de ter compreendido Isabele. Apenas conhecemos uma curta fase de sua adolescência.



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