Frank

Título Original: Frank
País: Reino Unido/Irlanda
Direção: Lenny Abrahamson
Roteiro: Jon Rosson e Peter Straughan
Elenco Principal: Michael Fassbender, Maggie Gyllenhaal e Domhnall Gleeson
Estreia no Brasil: Ainda sem data prevista
*Filme assistido durante o Festival de Cinema do Rio*



Porque tachamos de "alternativos" aqueles artistas que, no ramo da música, produzem trabalhos diferentes? O que quer dizer "diferente" para a música? São esses os tipos de questões que são levantadas com a nova comédia de humor negro, Frank, que inconscientemente faz uma verdadeira homenagem aos outsiders da primeira arte. Um filme sobre a música como ela nasce dentro da gente, sem se preocupar com beleza e feiura.

O longa conta a história de Jon (Gleeson), um tímido aspirante à músico que repentinamente acaba entrando como tecladista em uma banda de vanguarda rock de nome impronunciável The Soronprfbs. O cantor e líder do conjunto é o estranho Frank (Fassbender), que veste uma grande cabeça (bem ao estilo Turma da Mônica) vinte quatro horas por dia. Quando Jon percebe que a genialidade musical de Frank, junto com toda a sua adversidade, pode levá-los à fama que ele sempre sonhou, passa a registrar nas redes sociais cada momento do grupo, levando-os a um reconhecimento que Frank pode não estar preparado para enfrentar.

Boa parte da história se passa em uma cabana onde a banda se isola para gravar um novo álbum. É dentro desse convívio próximo que Jon entende a loucura (literal, já que Frank e Don se conheceram em um hospital psiquiátrico) de cada um dos integrantes como a peculiaridade contida em cada trabalho original no ramo da música. Percebemos na verdade que Jon é aquele que realmente se esconde, atrás da máscara das redes sociais, para poder viver seu sonho. Enquanto Frank, metaforicamente, se mostra a personagem mais lúcida, "uma pessoa de verdade em um mundo fictício", como frisou o próprio diretor em uma entrevista.

Michael Fassbender é quem da vida à Frank e transmite de forma esplêndida a naturalidade de uma pessoa que vê no ordinário a beleza que a sociedade insiste em enxergar somente no que é icônico. Assim, é com esta indiferença que vemos Frank menosprezar a busca de Jon por uma composição de sucesso ao mostrar que se pode fazer música para tudo, seguido por mais uma espontânea e genial composição sobre um fiapo de tecido.

Além dessa profundidade que o filme atinge com a música e seu processo de concepção, o longa muito agrada com seu humor, negro, como já foi dito antes. Bem verdade que o diretor deixa o ritmo cair um pouco no último terço da projeção, mas o desfecho é salvo nos dez minutos finais quando Fassbender deixa a máscara de lado e assume Frank por inteiro, lembrando-nos porque é um dos maiores atores da atualidade.

Uma viagem esquisita e ao mesmo tempo prazerosa. Uma comédia inteligente e uma provocação minuciosa à criatividade humana. Frank  é um ficção, mas sua alma é real.


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