Trash: A esperança vem do lixo

Título Original: Trash
País: Brasil/Reino Unido
Direção: Stephen Daldry
Roteiro: Richard Curtis e Felipe Braga
Elenco Principal: Selton Mello, Wagner Moura, Rickson Tevez e Gabriel Weinstein
Estreia no Brasil: Outubro de 2014




Baseado no livro do autor britânico Andy Mulligan, essa co-produção entre Brasil e Reino Unido dá vida a uma aventura infanto-juvenil com conotações políticas. Cria-se heróis a partir da esperança que brota do povo humilde e empobrecido, mas o peso dramático dado ao enredo não passa de uma visão superficial, prejudicando o que poderia ser uma prazerosa aventura cinematográfica.

Em uma comunidade que vive às custas de um lixão, Raphael (Tevez), um garoto de 14 anos, encontra uma carteira com uma boa quantia em dinheiro. Assim que a polícia começa a fazer buscas na área, oferecendo recompensa por quem achar a carteira, Raphael e seus amigos desconfiam e decidem descobrir por conta própria o verdadeiro valor daquele achado. Logo se vêem envolvidos em um complexo mistério e uma perigosa perseguição policial.

Selton Mello, que junto de Wagner Moura são os chamarizes do longa, é o quem desempenha o papel mais participativo entre os dois. Mello vive o chefe de polícia Frederico que comanda toda a operação de caça aos garotos do lixão. Já Moura, que interpreta o ativista, e dono da carteira perdida, José Angelo, aparece mais em flashbacks à medida os jovens vão decifrando os códigos que ele deixou. Mas ambos deixam sua marca, em especial Mello que, mesmo com a serenidade que sua expressão facial sempre traz, imprime uma crueldade e ganância respeitável à Frederico.

Igualmente importante também é nome que assina a direção do longa. Stephen Daldry, três vezes indicado ao Oscar (Billy Elliot, As Horas O Leitor), está sempre explorando o ponto de vista de seus protagonistas, que na maioria das vezes são jovens à frente de suas gerações. Mas ao lidar com Raphael e seus amigos, Daldry parece não compreender a complexidade da situações de milhares de jovens oprimidos pela polícia e o estado no Brasil, de forma que sua mensagem soa inorgânica para nós que vivemos essa realidade diariamente.

Sua habilidade em guiar a câmera deve ser enaltecida na sequência que traz Raphael e Rato (Weistein) decifrando um código em uma construção abandonada em uma favela. A dinâmica construída é empolgante e acompanha a ansiedade dos garotos. Mas o frequentes cortes feito desde o início da história, com um vídeo caseiro onde os garotos explicam seus pensamentos, mesmo que tenha uma ligação com o enredo no futuro acaba soando redundante. É como se o diretor subestimasse a capacidade do espectador de compreender o que está acontecendo e entender os motivos da luta daquelas crianças.



Nenhum comentário:

Postar um comentário