O Abutre

Título Original: Nightcrawler
País: EUA
Direção: Dan Gilroy
Roteiro: Dan Gilroy
Elenco Principal: Jake Gyllenhaal, Rene Russo, e Riz Amehd.
Estreia no Brasil: Dezembro de 2014





Com uma belíssima atuação de Jake Gyllenhaal, O Abutre ilustra um cínico cenário muito próximo da nossa realidade atual, onde programas sensacionalista do crime povoam cada vez mais nossas televisões. Mesmo que Gilroy não tenha muito a acrescentar à essa discussão, o longa funciona muito bem como um estudo de personagem que, ainda que inescrupuloso e cruel, conquista a atenção do público.

O longa acompanha a trajetória de Louis Bloom (Gyllenhaal), um esquisito ladrãozinho de Los Angeles que enxerga uma oportunidade de trabalho como ronda noturno em busca de tragédias do cotidiano para filmar e vender às emissoras de TV local. Literalmente um abutre em busca de carniça, mas para alimentar uma sociedade que vê esses acontecimentos como entretenimento. Auto proclamando-se como alguém que aprende muito rápido, Louis então se torna mais sombrio que este mundo do jornalismo carnívoro e desagradável, extrapolando limites e eventualmente conquistando o sucesso.

Iniciando-se de maneira precisa em seus argumentos, o roteiro explicita a hipocrisia de uma sociedade que aceita negociar com ladrões mas não pode empregá-los e lhes proporcionar um recomeço, isso junto com uma concisa apresentação da figura estranha de Bloom. A partir daí, o longa se desenvolve como uma espiral de tensão e adrenalina crescentes que nos desvenda um protagonista meticuloso e assustador que domina a própria projeção.

É como se Gilroy tivesse medo de sua própria criação. O diretor e roteirista então decide não julgar Lou e apenas segui-lo, para mais adiante ver seu protagonista assumir totalmente as rédeas da trama. Isso, além de deixar passar uma excelente oportunidade de estabelecer uma reflexão acerca jornalismo televisivo atual, entrega de bandeja o desfecho do longa. Sabemos que o sucesso de Bloom é a única saída existente.

Nos vemos então do lado do vilão que, como disse Gyllenhaal, é um artista que vê naqueles cenários chocantes a sua poesia. Além disso, é muito satisfatório ver a evolução de um ator como Gyllenhaal tem feito. Ele já havia se mostrado muito bem no recente Os Suspeitos e agora comprova definitivamente que tornou-se um ator muito mais amplo desde que abandonou títulos blockbusters como Príncipe da Pérsia.

Um filme sombrio com um protagonista que nos coloca contra a parede a todo momento, sem saber se rimos ou ficamos apreensivos com sua genialidade sociopática.


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