Precisamos falar sobre o Kevin

             

Título Original: We need to talk about Kevin

País/Ano: Reino Unido/EUA - 2012

 Direção: Linne Ramsay

Elenco: Tilda Swinton, John C. Reilly, Ezra Miller e Jasper Newell.

Assista ao Trailer aqui





As notícias de jornais sobre jovens metralhando escolas nos Estados Unidos são cada vez mais recorrentes e gera inúmeras questões acerca de educação familiar e dos elementos externos que influenciam estas crianças a cometer tais atrocidades. Kevin é um personagem fictício que extremisa esses jovens problemáticos demonstrando atitudes adversas com sua mãe, Eva, desde bebê e seu comportamento estranho resulta em um atentado com vários mortos e feridos às vésperas de completar 16 anos.

Baseado no livro de Lionel Shiver, o roteiro da diretora Lynne Ramsay acompanha Eva tentando recuperar sua vida após a tragédia e com todas as suas lembranças atormentando-a diariamente, expondo a relação difícil entre mãe e filho desde antes o nascimento do garoto. Com a gravidez indesejada Eva torna-se cada vez mais impaciente com Kevin à medida que ele propositalmente age para irritá-la. Mas mesmo assim ela permanece íntegra como mãe e esperançosa quanto a possibilidade de um dia criar um laço efetivo amoroso com seu filho.

Mas o roteiro falha no seu objeto principal, criando uma imagem de Kevin voltada muito mais para um vilão de quadrinhos ou um psicótico de filmes de terror, do que um jovem perturbado. Com isso o longa não consegue ganhar um realismo adequado pois se baseia em narrar fatos estranhos do frio e calculista Kevin como se o mesmo tivesse nascido para cometer seu crime e assim impossibilita a abordagem de pertinentes questões que surgem ao tratarmos de tal assunto.

A direção de Ramsay é muito significativa ao reforçar constantemente o vermelho nas projeções, seja nas tintas em paredes ou nas luzes noturnas, remetendo-nos ao ambiente sangrento em que vive Eva após a tragédia. Acerta também a montagem do longa, com suas indas e vindas entre as lembranças e o presente, equilibrando a mãe rejeitada da sociedade atual e a mãe confusa do período passado, o que não nos deixa tirar conclusões precipitadas sobre sua parcela de culpa.

A questão é que, com a falha já comentada sobre a definição de Kevin, o filme acaba por se concentrar em Eva e como ela lida com sua vida, mostrando seu filho como se fosse uma doença que lhe atormentou por 16 anos e agora é uma sequela cruel. Assim, Nós Precisamos Falar Sobre o Kevin perde a chance de ser mais incisivo na premissa a que veio e se torna apenas uma abordagem da questão central, ainda que, muito bem executada.

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