Faroeste Caboclo

Título Original: Faroeste Caboclo
País: Brasil
Direção: René Sampaio
Roteiro: Marcos Bernstein e Victor Atherino
Elenco Principal: Fabrício Boliveira e Ísis Valverde
Estreia no Brasil: Junho de 2013



Adaptações para o cinema sempre vão de acordo com as interpretações dos diretores e de seu talento para transcrever para as telonas as emoções contidas em uma composição literária. Mas de um modo geral, sempre há uma espécie de ideia central da qual não dá para fugir. Aqui, René Sampaio, não necessariamente foge do tema, mas transforma a história de João de Santo Cristo muito mais em o romance entre João e Maria Lúcia.

Como é muito conhecido, ao menos no Brasil, o roteiro (do mesmo roteirista de Somos Tão Jovens) baseia-se na canção homônima composta por Renato Russo em sua época de O Trovador Solitário, onde era muito influenciado por Bob Dylan e suas canções folks. Ela conta a história de João de Santo Cristo (Boliveira), morador do nordeste brasileiro que se muda para Brasília em busca de uma vida melhor e acaba virando traficante. Lá conhece Maria Lúcia (Valverde), por quem se apaixona e até tenta mudar de vida.

Sampaio buscou imprimir um verdadeiro faroeste no seu trabalho e, de início isso pareceu cair muito bem, mas depois, com o desenrolar da trama, em meio a grande Brasília dos anos 80, a abordagem ficou fora de contexto, soando muito forçado a formação do duelo final como aqueles de Sergio Leoni. No entanto, muita coisa que o diretor criou para ligar os "fatos" e formar uma história foram válidas e razoáveis (como a ida a Brasília como procura direta por seu primo e a saída da prisão por exemplo).

Ainda assim, o resultado final não está tão próximo de uma história com bom fluxo e acaba tendo o seu meio mais parecido com a canção, acontecimentos que saltam entre um e outro instante do tempo. João é vivido por Fabrício Oliveira até de forma interessante, calado e destemido, bem mais incorporado que o Jeremias de Felipe Abib, que mais parece um "vilão" da Malhação, mas não evolui à medida que as coisas vão acontecendo. E essa eu acho que é a maior falha do longa, a composição de seus personagens soa incoerente de mais para o universo em que eles habitam.

Infelizmente, não vejo este Faroeste Caboclo de Sampaio como algo que possa ficar na memória do nosso cinema. O entretenimento ficou entediante nas duas horas de projeção. E esse João não parece lembrar muito aquele que foi a Brasília falar com o presidente para ajudar toda essa gente que só faz sofrer.


2 comentários:

  1. Bom, o "João ... que foi a Brasília falar com o presidente para ajudar toda essa gente que só faz sofrer", cai de pára-quedas na música do Renato, hehe, afinal, nada na letra da música nos levava a isso. Deixemos de lado.

    Quanto à questão do recorte, tem razão, o direto optou pela história do romance em detrimento de qualquer outra. Aliás, ele investiu ainda mais no triângulo, que fica solto na música. Tanto que antecipa a aparição dos personagens na vida do protagonista. Eu realmente gostei do que vi, acho que ficou coerente, e até a forma como ele justificou todas as questões finais, foi melhor do que simplesmente Maria Lucia "dá a louca" e casa com Jeremias, por exemplo.

    Quanto ao duelo, não me incomodou, se fosse como na música com direito a platéia, televisão e tudo mais, ficaria ainda mais estranho. Agora, em determinado momento, o filme perde um pouco do ritmo mesmo. Enfim, já falei demais. Respeito sua visão e entendo seu ponto de vista. Mas, como disse, achei um filme digno.

    abraços

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  2. Decepcionante. Assisti quando foi lançado e não fui o único a se frustrar, pelo contrário. Havia quase um consenso sobre a má escolha de Valverde e sobretudo o final. Além de destoar da música, foi simplesmente um desfecho insatisfatório. Um desperdício, pecou pelo excesso de ambição.

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