Lore

Título Original: Lore

País: Austrália

Direção: Cate Shortland

Roteiro: Cate Shortland

Elenco Principal: Saskia Rosendahl e Kai-Peter Malina

Estreia no Brasil: Outubro de 2013

Os efeitos do Holocausto ainda são tão devastadores que não surpreende o frequente surgimento de títulos cinematográficos sobre o tema mesmo hoje, quase setenta anos após a descoberta dos primeiros campos de concentração. A questão é que existem inúmeras formas de se explorar o assunto, como o faz este novo longa da iniciante, e já talentosa, diretora australiana Cate Shortland, usando o ponto de vista de uma jovem que nasceu e cresceu nazista.

Quando a Alemanha foi completamente tomada pelas forças aliadas, Lore (Rosendahl), filha mais velha de um casal do alto escalão do exército nazista, vê-se responsável por cuidar de seus quatro irmãos mais novos quando seus pais vão presos. Eles precisam fazer uma viagem longa até a casa da avó, em meio a um terreno hostil e devastado que é agora o seu país, enfrentando uma batalha psicológica ao verem a verdadeira natureza do nazismo se revelar nas suas frentes.

A perspectiva adotada pela diretora é ousada, pois trata de Lore como uma vítima, ou seja, fala-se dos danos causados pelo holocausto a uma nazista. E a verdade é que houve milhares como ela, crianças que tiveram uma lavagem cerebral, nasceram e cresceram acreditando em cada palavra do seu herói, Hitler. Ao mesmo tempo, a jovem enfrenta um conflito hormonal natural de sua idade que só parece complicar ainda mais a sua capacidade de julgamento.

Saskia Rosendahl é quem constrói a jovem protagonista servindo-a de uma metade de pureza e coragem, que nos mostra sua firmeza para enfrentar a trágica situação de sua família, mas também sendo capaz de revelar uma natureza monstruosa que adquiriu com sua educação. Ela é então uma peça fundamental da estrutura narrativa adotada pela diretora, de tal forma que, mesmo sem ter-se aprofundado no assunto, consegue transmitir bem a sua mensagem fazendo este estudo da personagem.