Os Suspeitos

Título Original: Prisoners
País: EUA
Direção: Denis Villeneuve
Roteiro: Aaron Guzikowski
Elenco Principal: Hugh Jackman, Jake Gyllenhaal e Paul Dano
Estreia no Brasil: Outubro de 2013



Uma das formas de se medir o quão bom é um filme pode ser a noção de tempo passado na sessão. Assim, ao sair do cinema, dar-se conta de que você esteve sentado lá por cerca de duas horas e trinta minutos já mostra o quão surpreendente é este thriller

O roteiro acompanha o drama de duas famílias quando suas filhas desaparecem na vizinhança de suas casas. As evidências levam o detetive Loki (Gyllenhaal) até o principal suspeito, Alex Jones (Dano), que é diagnosticado como um deficiente mental com Q.I. de um garoto de dez anos de idade, sendo liberado por falta de provas. Isso leva um dos pais, Keller Dover (Jackman), a buscar os seus próprios meios para descobrir o paradeiro das crianças, sequestrando Alex. No entanto, as investigações feitas por Loki mostra um misterioso quebra-cabeças onde as peças simplesmente não parecem se encaixar.

Há simbologia contida no roteiro que funciona perfeitamente para que o espectador compreenda o nível de complexidade que é a trama. Não só do ponto de vista da solução do caso com as peças sutis que surgem ao longo da narrativa, sendo fundamentais em seu desfecho. Mas também pelos labirintos emocionais que cada personagem se encontra. São todos prisioneiros (como diz o título original) daquela situação; Anna e Joy, Loki, Keller e Alex.

Hugh Jackman certamente ganha destaque pela explosão temperamental que tem de dar a sua personagem ao interpretar as atitudes inesperadas de Keller e seu conflito coma religião mediante a sua impotência no caso. Já Jake Gyllenhaal, deve prender todo seu abalo emocional por trás do profissionalismo que sua posição exige e ainda sim transparecer a inquietação que vive ao não conseguir evoluir na solução do caso. Dessa forma, todos os atores têm de lidar com a mesma emoção central, o desespero. E o resultado é tão impressionante que mesmo as curtas aparições de Viola Davis e Maria Bello por exemplo, transmite ao espectador o peso da tormenta que toma conta da narrativa.

Com um roteiro minucioso e uma gama de atores tão bem capacitados, cabe então ao diretor conduzir a obra. Já conhecido pelos seus belos trabalhos em Inocentes e Politécnica, Villeneuve mais uma vez usa do suspense para prender o espectador em um misto de tensão e mistério. Dessa forma, somo um terceiro elemento invisível, que acompanha a narrativas de todos os ângulos e ainda sim não somos capazes de juntar as peças.

Demonstrando inteligência e angústia em seu desfecho, Os Suspeitos se mostra um longa que está lado a lado de títulos memoráveis como Seven e Zodíaco, com a tríade, atuações, roteiro e direção, alcançando uma harmonia admirável.


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