Os Miseráveis

Título Original: Les Misérables
País: EUA
Direção: Tom Hooper
Roteiro: William Nicholson
Elenco Principal: Hugh Jackamn, Russel Crowe e Anne Hathaway
Estreia no Brasil: Fevereiro de 2013



Com uma pobre construção das personagens, seja pelo roteiro, seja pela atuação, vemos um desafinado trabalho musical e de direção.

Baseado no musical teatral, que por sua vez é construído a partir do homônimo livro de Victor Hugo, esta versão para as telonas também acompanha o presidiário Jean Valjean (Jackman) que, após cumprir 19 anos, é libertado em condicional. Com a ajuda de um padre ele faz fortuna e muda de nome para apagar seu passado, mas infringindo a lei passa a ser caçado pelo capitão Javert (Crowe). Enquanto foge de seu algoz, ele ainda tem a missão de criar a filha de uma ex-empregada como parte de uma promessa.

O roteiro de Nicholson até segue as coordenadas da história narrada pelo clássico literário, mas é a direção de Tom Hooper quem falha mais ao se concentrar de mais nos seus atores e não conseguindo com isso construir toda a crítica social que existe na trama. A obra de Victor Hugo não trata somente da injustiça que reinava na França do século XIX, mas principalmente da relação desta com homens que vivem sob a égide inabalável de princípios e ideais, a ponto de serem quase sufocados pelas consequências emocionais de seus próprios atos. Dito isso, é de se lamentar que, embora as canções descrevam tais agonias, não nos vemos capaz de fazer a ligação entre esses sentimentos e seus personagens, fazendo com que cenas importantes soem como artificiais de mais.

Isso se deve, entre outros fatores, à má escolha do elenco, já que se vê a tremenda dificuldade de atores como Jackman e Crowe para se manter no ritmo e tonalidade das músicas. Talvez seja por isso que Anne Hathaway tenha se destacado. Embora seu número solo seja o melhor momento do filme, a atriz também se mostra incapacitada de dar vida às canções, e se um musical não consegue isso ele se auto condena ao fracasso. Enquanto isso, as personagens vividas por Sasha Baron Cohen e Helena Bonham Carter adicionam um humor que diverte e ajuda o espectador à suportar as quase três horas no cinema, mas no fim, percebe-se que as cenas cômicas não conseguem se integrar à aquela atmosfera dramática.

E mais irritante do que todas essas falhas é o choro permanente que só demonstra a limitação dos atores em interpretar e representar as diferentes dores que afligem suas respectivas personagens. Sendo assim, o musical sem músicos é salvo do desastre total pelos aspectos técnicos, como o designer de produção por exemplo.


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